terça-feira, 13 de julho de 2010

Le temps perdu!

Que saudades de um tempo que não vivi. A nostalgia não vivida relembra cultura, educação, intelectualidade. Não faz muito tempo que estudar ainda trazia vantagens, pois a educação construia o Ser. Mas os tempos são outros e tudo que é sólido se desmancha no ar, é a pós-modernidade.
O vale tudo de uma vida mesquinha se reflete no estado vegetal mental que "assistimos" pasmos. Se reflete no analfabetismo de espírito embalado por uma aculturação. É um som tolo, uma falta de poesia. É uma imediaticidade medonha reforçada pelo sistema de besteira plena. Uma fila de condenados que querem ter sem nem saber para que e não Ser. A ordem não está inversa, um dos fatores foi apagado, uma borracha no Ser.
O que tem a ver os dias de hoje para com um desprezo pelo intelecto? O que tem a falta de um sistema que exalte a educação? O que temos a ver com um modus vivendi que esmaga o saber? Tudo!
Quando o pequeno não vai a escola, o grande é um adulto frágil, um escritor garrancho, um ouvinte surdo, um cidadão ninguém, um homem de "personalidade marginal", segundo o sociólogo Stonequist. E esse sujeito vago perparssa o discurso do Ser inválido, e o mesmo já não vale mais qualquer coisa que seja.
Acredito que é a pior fase dessa pós-modernidade, quando ela inebria um sujeito tão vazio que sua postura assemelha-se ao dos primatas, puro instinto e vantagem. E quando o instinto domina, o homem vira errante, mas um errante kithsc. O mínimo são é abduzido, a educação como mínimo se desvia e não "nos" formamos nem "somos" formados, não "ditamos", "somos" ditados, não "somos" seguidos, "seguimos". Não "gostamos", "aceitamos". Não "escolhemos", a massa escolhe por "nós". Não subestime a massa, ela é ESPERTA!
É a "era do rebolation" e talvez ouvir o "rebolation" aparentemente seja só uma vontade instintiva de expulsar os demônios do trabalho e da vida cansada, talvez seja uma forma de se divertir e dizer para muitos que você é descolado, aceito, querido. A roda dos cabelos ao vento e a gente jovem reunida de hoje é regada de música ruim, poucas palavras, nada de idéias e muitos trejeitos. O pior da falta da cultura traz a "era do rebolation" como um problema que vai além e que está no cerne de uma doença para meu país: a falta de letras, palavras, a falta das exatas, a falta da real expressão. O sujeito que se deixa embalar de pouca cultura, ou nada, é um doente letárgico que está bem onde está, é o cara que é lesado, sem direitos, sem democracia. É o moço que não sabe votar, é a moça que prefere tingir os cabelos a fazer uma boa faculdade. É o negro que lhe impõe malandragem pois se formar é coisa de branco, é difícil. É o branco do Senado que rouba do outro branco, do preto, da criança e sem medo de ser culpado sorri seus dentes amareladoas a cada quatro anos. Na falta de educação a era é a da rebolação da malandragem. Millôr Fernandes diz: Entre um burro e um canalha, não passa o fio de uma navalha. E não passa mesmo, pois no burro está embutido a pobreza de espírito, a deficiência do ser, o rio da educação seco e a semente nociva do espertalhão.